quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Brasil, mostra a tua cara!


A cada década, o país procura fazer um auto-retrato da sua realidade, promovendo o escaneamento do seu território e da situação dos seus habitantes, através de um censo demográfico, valendo-se para tanto, dos trabalhos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.
Desta vez, na sua 12ª edição, a coleta de informações se dará com o emprego de computadores de mão, utilizados por cada um dos 220 mil recenseadores, que deverão visitar cerca de 58 milhões de domicílios, em 5565 municípios, a um custo de R$ 1,4 bilhão. A informatização do sistema promete mais agilidade na compilação dos dados e divulgação dos resultados.
Apesar do orçamento altíssimo, o serviço se prestará para que as políticas públicas possam ser mais bem direcionadas, que recursos governamentais sejam alocados com maior eficiência e que a população se beneficie das conclusões, que indicarão suas mais reais e prementes necessidades.
Sabe-se dos proveitos oriundos de uma ação como esta. A se lamentar, entretanto, que a nação continue utilizando-se de diretrizes equivocadas a um preço tão elevado, para obter, em largos espaços de tempo, o que poderia possuir cotidianamente, apenas usando os atuais meios tecnológicos de comunicação disponíveis.
O que falta ao Brasil é coesão. Organismos públicos agem com uma prejudicial independência, com um mínimo de, em raríssimas exceções, interação com outros. Não existe uma mútua colaboração entre repartições, em toda e qualquer esfera. Ministérios, estados e municípios disputam entre si dotações, empreendimentos e poder, tal como abutres ávidos por carniça.
Senão, vejamos: a receita federal dispõe das declarações de renda dos seus cadastrados. Os departamentos de trânsito sabem quem são os proprietários de todos os veículos licenciados da união. As juntas comerciais são detentoras dos registros de todas as empresas, em atividade ou encerradas. As instituições de atendimento, como escolas, hospitais, cartórios, casas bancárias e demais organismos públicos/privados, têm números exatos das suas solicitações. As coletorias estaduais controlam o volume de mercadorias que circulam e são comercializadas.
O que falta é um sistema de informação integrado único, que pudesse reunir todos esses elementos. Aliado a declarações da situação individual de todos os habitantes, que poderiam ser anuais (ou ter outra peridiocidade), atreladas ao número do CPF, por exemplo, seria simples e instantâneo se ter conhecimento real das circunstâncias e, portanto, todo esse aparato montado em decênios seria perfeitamente dispensável.
Inclusive porque, todos sabem quais são as urgências no Brasil. Os governantes é que insistem em fechar os olhos.
Estou farto de observar o povo engolfado na mais pura ignorância por falta de educação. De vê-lo definhar nas filas de atendimento da saúde pública. De sabê-lo maltratado nos falhos sistemas de transporte e segurança urbana. De senti-lo abandonado, desesperançoso e perdido na inatividade dos seus estadistas, que relega a juventude ao contato irretornável das drogas, a velhice à triste desassistência e ao cidadão ativo à indignidade da mendicância e à falta de oportunidades.
Triste és, em alguns aspectos, meu lindo país!

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