quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Matador de aluguel

O agudo gutural, descomunal, soou com tal intensidade que, num primeiro instante, temi pela segurança dela. Chegou a me arrepiar!
O pensamento inicial foi que ela pudesse ter surpreendido algum estranho que houvesse adentrado o apartamento e, aterrorizada, gritasse de forma tão visceral.
Meu corpo reagiu como uma mola e, tal cavaleiro andante, parti célere contra o horrendo dragão que atormentava minha donzela.
Para o maior alívio que tive o prazer de vivenciar, constatei que o medonho perigo não passava de um... inseto.
Não me refiro aqui aos perigosos artrópodes que habitam as selvas tropicais, como aranhas, escorpiões e afins, capazes de, com suas venenosas picadas, provocar choques anafiláticos ou mesmo mortes por paradas cardiorrespiratórias.
O ser terrível que consegue deflagrar o pavor total na criatura mais valorosa e corajosa que conheço é uma simples Periplaneta Americana, a barata doméstica.
Animal sem modificações morfológicas significativas nos últimos 400 milhões de anos, as blattarias ocupam um dos últimos lugares nas listas de espécimes em extinção e, dizem, numa eventual hecatombe nuclear, dominariam o planeta.
Enquanto isso não acontece, elas se contentam, de quando em vez, de dominar a minha casa, transformando-me em uma espécie de bombeiro de plantão, sempre pronto a agir, full time, ao menor sinal (e que sinal!) de alerta.
Claro que, com todos esses anos de prática e após milhares de ocorrências, desenvolvi técnicas de matança que me qualificariam como o exterminador #1 de neópteros.
O que me transforma no mais requisitado socorredor do bairro, já que minhas filhas, que nasceram sem o pecado original e nem o temor de baratas, pelo mau exemplo da mãe, costumam emitir pedidos de ajuda com a mesma freqüência e igual estridência.
Não encontro explicação para tanto receio por parte dessas minhas mulheres. Entendo a repulsividade que estes seres asquerosos provocam; o perigo para a saúde que elas representam e o quanto é inconveniente conviver com animais indesejáveis que, através dos tempos, tornaram-se cosmopolitas.
Mas o que leva uma pessoa a sair correndo como o diabo corre da cruz, tornando subjacente qualquer outra atividade em curso, no único intuito de escapar de nada?
Deve haver algum ramo da psicologia que possa responder.
Já presenciei minha esposa abandonar a direção do carro em movimento, em avenida tumultuada pela hora do rush, deixando a porta do veículo aberta, enquanto corria no asfalto como uma maluca desvairada no meio do trânsito, somente porque uma “francesinha” passou por cima do seu pé.
Tomara que o nosso plano de saúde cubra assistência psiquiátrica; não tanto para ela(s), senão para mim próprio, que não consigo mais comprar calçados, sem primeiramente analisar os solados sob o prisma da dinâmica assassina, imaginando bicudos rasteiros, esmagamentos impiedosos ou abatimentos aéreos.
Haja eficiência!

2 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkkk Acho que transformei todos os homens que conheço em experts como voce!!!! asasuahsuhau. E quando souber a esposta dessas perguntinhas me conte!! Se bem que já estou ficando uma mocinha nesses assuntos... Olha só:
    http://carlalyno.blogspot.com/2010/04/meu-primeiro-121.html rs

    BjO'

    ResponderExcluir
  2. adorei1mas eu tb odeio.primeiro berro pois esmagar ela para mim que é horrível...aquele estalo!sim
    porque barata grande no ceara nao se move mas as daqui voam...agora se ninguem aparecer eu teno matar rsrsrsrs

    ResponderExcluir

Livre pensar, é só pensar. Mas na cabeça de nada lhe serve. Exprima-o!