É de notório saber que características
físicas são transmitidas através do código genético por gerações,
subseqüentemente. Mais recentemente, inclusive, especialistas chegaram a
afirmar que mesmo os padrões comportamentais individuais sofrem, ou podem
sofrer, influências de hereditariedade, que são conduzidas embutidas nos
compostos orgânicos responsáveis pela expedição dos modelos sucedidos, os
genes.
Entrementes, a moderna psicologia e até os
segmentos voltados aos estudos da espiritualidade são unânimes em afirmar que a
alma humana é única e singular e tal como uma cédula de identidade, pessoal e
intransferível.
Analisando estas duas assertivas de
antagonismo tão acentuado e observando o cotidiano de vida da minha companheira
ao longo desses tantos anos, sou levado a considerar a veracidade de ambas.
Assim como alguns de seus irmãos, Ana
Lúcia herdou o espírito bonachão de seu pai. Uma essência básica que mistura
simplicidade, ingenuidade e paciência. Reconheceria a paternidade deles todos,
sobretudo dela, apenas pelo andar, comedido e balanceado; extremamente fiel ao
original.
Possuidora de gestos largos, como que
meticulosamente estudados, ritmados até, tudo nela exprime brandura e retrata
fielmente o seu espírito tranqüilo, inclusive na fala... mansa, suave, delicada.
Não se deve confundir, todavia, quietude
ou serenidade com acomodação. Ágil no agir ou no pensar quando lhe é conveniente,
sempre consciente das necessidades que suas atribulações requerem e suas imediatas
providências, ainda assim, lhe é quase impossível não deixar transparecer sua marca
mais particular, indelével: sua leveza inconfundível.
Por tudo isto, uma amiga super querida
apelidou-a, numa alusão ao seu contido vagar, de tartaruga. Mas não uma
tartaruga qualquer, senão a mais representativa delas: Tartaruga Mor. A “major”
dos quelônios, animais de longa existência. E de similar aparente complacência.
Evidente que o seu sossego não lhe permitiria
se incomodar com a alcunha, antes pelo contrário. Pareceu-lhe carinhoso e foi
adotado intimamente, desde então.
Hoje temos em casa uma singela coleção
desses adoráveis bichinhos, amealhados no decorrer do tempo em viagens, comprados
como souvenir ou presenteados pelos mais queridos.
Normalmente o vexame não lhe afeta e
parece lhe ser indiferente à maioria das suas ocasiões. A celeridade, essa sim,
não aparenta ser muito sua amiga. Afinal, todos sabem que a pressa é inimiga da
perfeição.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Livre pensar, é só pensar. Mas na cabeça de nada lhe serve. Exprima-o!